Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada (nwt, pt_PT, 2016)

Daniel

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Daniel, 2

1 No segundo ano do seu reinado, Nabucodonosor teve diversos sonhos; ele*1 ficou tão agitado que não conseguia dormir.

  1. Lit.: “o seu espírito”.

2 Portanto, o rei mandou convocar os sacerdotes-magos, os adivinhos,*1 os feiticeiros e os caldeus,*2 para que lhe contassem os sonhos que ele tivera. Portanto, eles entraram e apresentaram-se ao rei.

  1. Ou: “encantadores”.

  2. Isto é, uma seita de pessoas que se consideravam peritas em adivinhação e astrologia.

3 O rei disse-lhes: “Tive um sonho, e estou*1 agitado porque quero saber o que sonhei.”

  1. Lit.: “o meu espírito está”.

4 Os caldeus responderam ao rei, na língua aramaica:*1 “Ó rei, viva para sempre! Conte o seu sonho aos seus servos e nós daremos a interpretação.”

  1. Daniel 2:4b até 7:28 foi originalmente escrito em aramaico.

5 O rei respondeu aos caldeus: “Esta é a minha última palavra: se não me revelarem o sonho e a sua interpretação, serão cortados em pedaços e as vossas casas serão transformadas em latrinas públicas.*1

  1. Ou, possivelmente: “depósitos de lixo; montes de esterco”.

6 Mas, se me contarem o sonho e fizerem a sua interpretação, dar-vos-ei presentes, uma recompensa e grande honra. Portanto, digam-me o sonho e a sua interpretação.”

7 Eles voltaram a dizer: “Que o rei conte o sonho aos seus servos e faremos a sua interpretação.”

8 O rei disse-lhes: “Eu sei muito bem que estão a tentar ganhar tempo, porque viram que vos dei a minha última palavra sobre o assunto.

9 Se não me revelarem o sonho, todos vocês terão uma única punição. Porém, vocês combinaram dizer-me uma mentira e enganar-me, esperando que a situação mude. Portanto, digam-me o sonho e saberei que são capazes de me dar a sua interpretação.”

10 Os caldeus responderam ao rei: “Não há homem na terra*1 que seja capaz de fazer aquilo que o rei está a pedir, pois nunca nenhum grande rei ou governante pediu algo assim a um sacerdote-mago, adivinho ou caldeu.

  1. Ou: “terra seca”.

11 Aquilo que o rei está a pedir é difícil, e não existe ninguém que o possa revelar ao rei, a não ser os deuses, que não moram entre os mortais.”*1

  1. Lit.: “com a carne”.

12 Ao ouvir isso, o rei ficou extremamente furioso e mandou matar todos os sábios de Babilónia.

13 Quando a ordem foi emitida e os sábios estavam prestes a ser mortos, Daniel e os seus companheiros também foram procurados para serem mortos.

14 Então, Daniel, com prudência e cautela, falou com Arioque, que era o chefe da guarda pessoal do rei e tinha saído para matar os sábios de Babilónia.

15 Ele perguntou a Arioque, o oficial do rei: “Porque é que o rei emitiu uma ordem tão severa?” E Arioque informou Daniel sobre o assunto.

16 Portanto, Daniel apresentou-se perante o rei e pediu-lhe que lhe concedesse tempo para dar ao rei a interpretação.

17 Depois, Daniel foi para casa e contou aos seus companheiros, Hananias, Misael e Azarias, o que tinha acontecido.

18 Ele pediu que orassem para que o Deus do céu mostrasse misericórdia com respeito a esse segredo, de modo que Daniel e os seus companheiros não fossem destruídos com os outros sábios de Babilónia.

19 Nessa noite, o segredo foi revelado a Daniel numa visão. Por isso, Daniel louvou ao Deus do céu.

20 Daniel disse: “Que o nome de Deus seja louvado por toda a eternidade,*1 Pois somente ele tem sabedoria e poder.

  1. Ou: “de eternidade a eternidade”.

21 Ele muda tempos e épocas, Remove reis e estabelece reis, Dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos que têm discernimento.

22 Ele revela as coisas profundas e as coisas escondidas, Sabe o que há na escuridão, E com ele mora a luz.

23 A ti, ó Deus dos meus antepassados, dou graças e louvor, Porque me deste sabedoria e poder. E, agora, revelaste-me o que te pedimos; Tu revelaste-nos o assunto que preocupa o rei.”

24 Depois disso, Daniel procurou Arioque, a quem o rei tinha designado para destruir os sábios de Babilónia, e disse-lhe: “Não destrua nenhum dos sábios de Babilónia. Leve-me perante o rei, e eu darei ao rei a interpretação.”

25 Rapidamente, Arioque levou Daniel à presença do rei e disse-lhe: “Encontrei um homem entre os exilados de Judá que pode revelar a interpretação ao rei.”

26 O rei perguntou a Daniel, que tinha recebido o nome de Beltessazar: “Podes realmente revelar-me o sonho que tive e a sua interpretação?”

27 Daniel respondeu ao rei: “Nenhum sábio, adivinho, sacerdote-mago ou astrólogo é capaz de revelar ao rei o segredo que ele quer saber.

28 No entanto, há nos céus um Deus que revela segredos, e ele revelou ao rei Nabucodonosor o que acontecerá na parte final dos dias. Este é o sonho e estas são as visões que lhe passaram pela mente, enquanto estava deitado na sua cama:

29 “Quando o senhor, ó rei, estava na sua cama, os seus pensamentos voltaram-se para o que acontecerá no futuro, e Aquele que revela segredos revelou-lhe o que vai acontecer.

30 Este segredo foi-me revelado, não por eu ter mais sabedoria do que qualquer outra pessoa, mas, antes, para que se revele a interpretação ao rei, de modo a que o senhor entenda os pensamentos do seu coração.

31 “Ó rei, enquanto o senhor observava, apareceu uma enorme estátua.*1 Essa estátua, que era muito grande e extremamente brilhante, estava à sua frente e a sua aparência era amedrontadora.

  1. Ou: “imagem”.

32 A cabeça da estátua era de ouro puro, o peito e os braços eram de prata, o abdómen e as coxas eram de cobre,

33 as pernas eram de ferro e os pés eram parcialmente de ferro e parcialmente de argila.*1

  1. Ou: “argila cozida (modelada)”.

34 Enquanto o senhor observava, uma pedra foi cortada de um monte, não por mãos, e atingiu os pés da estátua, que eram de ferro e de argila, e esmiuçou-os.

35 Então, o ferro, a argila, o cobre, a prata e o ouro foram esmiuçados de uma só vez e ficaram como a palha*1 que voa da eira no verão; o vento levou-os, sem que se pudesse encontrar qualquer vestígio. No entanto, a pedra que atingiu a estátua tornou-se um grande monte e cobriu toda a terra.

  1. Ou: “pragana”.

36 “Este foi o sonho e, agora, daremos ao rei a sua interpretação.

37 O senhor, ó rei — rei de reis, a quem o Deus do céu deu o reino, o poder, a força e a glória,

38 em cuja mão entregou os homens, onde quer que eles morem, e também os animais selvagens e as aves dos céus, e a quem ele fez governante sobre todos eles —, o senhor é que é a cabeça de ouro.

39 “Contudo, depois do senhor, surgirá outro reino, inferior a si; e, depois, outro reino, um terceiro, de cobre, que dominará toda a terra.

40 “Quanto ao quarto reino, será forte como o ferro. Pois, assim como o ferro que tudo esmaga e tritura, como o ferro que despedaça, ele irá esmagá-los e despedaçá-los a todos.

41 “E, conforme o senhor viu, os pés e os dedos dos pés eram parcialmente de argila de oleiro e parcialmente de ferro; será assim que o reino estará dividido. Porém, haverá nele um pouco da dureza do ferro, pois, assim como o senhor viu, havia ferro misturado com argila mole.

42 E, assim como os dedos dos pés eram parcialmente de ferro e parcialmente de argila, o reino será parcialmente forte e parcialmente frágil.

43 Assim como o senhor viu o ferro misturado com a argila mole, eles*1 estarão misturados com o povo;*2 mas não aderirão um ao outro, do mesmo modo que o ferro não se mistura com a argila.

  1. Aparentemente, refere-se ao que é representado pelo ferro.

  2. Ou: “a descendência da humanidade”, isto é, o povo comum.

44 “Nos dias desses reis, o Deus do céu estabelecerá um reino que nunca será destruído. E este reino não passará para as mãos de nenhum outro povo. Esmiuçará e porá fim a todos estes reinos, e apenas ele permanecerá para sempre,

45 assim como o senhor viu que uma pedra foi cortada do monte, não por mãos, e que esmiuçou o ferro, o cobre, a argila, a prata e o ouro. O Grandioso Deus revelou ao rei o que acontecerá no futuro. O sonho é verdadeiro e a sua interpretação é digna de confiança.”

46 Então, o rei Nabucodonosor prostrou-se com o rosto por terra diante de Daniel e prestou-lhe homenagem. E mandou que se lhe oferecesse um presente e incenso.

47 O rei disse a Daniel: “Realmente, o vosso Deus é Deus de deuses, Senhor de reis e Revelador de segredos, porque conseguiste revelar este segredo.”

48 Assim, o rei enalteceu Daniel e deu-lhe muitos presentes valiosos, e fez dele governante de toda a província*1 de Babilónia e superintendente principal de todos os sábios de Babilónia.

  1. Ou: “todo o distrito jurisdicional”.

49 E, a pedido de Daniel, o rei encarregou Sadraque, Mesaque e Abednego da administração da província de Babilónia, mas Daniel servia na corte do rei.