Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada (nwt, pt_PT, 2016)

Daniel

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Daniel, 4

1 “Do rei Nabucodonosor a todos os povos, nações e línguas, que moram em toda a terra: Que seja grande a vossa paz!

2 Tenho a satisfação de declarar os sinais e as maravilhas que o Deus Altíssimo realizou para comigo.

3 Quão grandes são os seus sinais e quão poderosas são as suas maravilhas! O seu reino é um reino eterno, e o seu domínio é de geração após geração.

4 “Eu, Nabucodonosor, estava tranquilo na minha casa, em prosperidade no meu palácio.

5 Tive um sonho que me deixou com medo. Enquanto estava deitado na minha cama, as imagens e visões que me passaram pela mente amedrontaram-me.

6 Por isso, dei a ordem de que trouxessem à minha presença todos os sábios de Babilónia, para que me revelassem a interpretação do sonho.

7 “Então, vieram os sacerdotes-magos, os adivinhos,*1 os caldeus*2 e os astrólogos. Quando lhes contei o sonho, não foram capazes de me revelar a sua interpretação.

  1. Ou: “encantadores”.

  2. Isto é, uma seita de pessoas que se consideravam peritas em adivinhação e astrologia.

8 Por fim, veio à minha presença Daniel, que recebeu o nome de Beltessazar (conforme o nome do meu deus) e em quem está o espírito dos deuses santos, e eu contei-lhe o sonho:

9 “‘Ó Beltessazar, chefe dos sacerdotes-magos, sei muito bem que o espírito dos deuses santos está em ti e que nenhum segredo é demasiado difícil para ti; por isso, explica-me as visões que vi no meu sonho e a sua interpretação.

10 “‘Nas visões que me passaram pela mente enquanto eu estava deitado na minha cama, vi uma árvore no meio da terra, e ela era extremamente alta.

11 A árvore cresceu e ficou forte, e o seu topo atingiu os céus; era visível até aos confins da terra.

12 A sua folhagem era bela, tinha frutos em abundância e havia nela alimento para todos. Debaixo dela, os animais selvagens procuravam sombra; nos seus ramos, moravam as aves dos céus; e todas as criaturas se alimentavam*1 dela.

  1. Lit.: “toda a carne se alimentava”.

13 “‘Na minha cama, enquanto eu observava as visões que me passavam pela mente, vi um vigilante, um santo, que descia dos céus.

14 Ele gritou com voz forte: “Derrubem a árvore, cortem-lhe os ramos, façam-lhe cair as folhas e espalhem os seus frutos! Que os animais fujam de debaixo dela; e as aves, dos seus ramos.

15 Mas deixem o toco com as raízes*1 na terra, com faixas de ferro e de cobre, no meio da relva do campo. Que seja molhado pelo orvalho dos céus, e que a sua porção seja partilhada com os animais, no meio da vegetação da terra.

  1. Ou: “deixem o porta-enxerto”.

16 Que o seu coração seja mudado para que deixe de ser um coração humano, e que lhe seja dado um coração de animal, e passem sobre ele sete tempos.

17 Isto é por decreto dos vigilantes e o pedido é declarado pelos santos, para que todos os que vivem saibam que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser, e que, sobre ele, estabelece até mesmo o mais humilde dos homens.”

18 “‘Este foi o sonho que eu, o rei Nabucodonosor, tive. Agora, tu, ó Beltessazar, diz qual é a sua interpretação, visto que todos os outros sábios do meu reino são incapazes de me revelar a interpretação. Porém, tu podes fazê-lo, porque o espírito de deuses santos está em ti.’

19 “Nesse momento, Daniel, que recebeu o nome de Beltessazar, ficou pasmado por um instante, e os seus pensamentos começaram a amedrontá-lo. “O rei disse: ‘Ó Beltessazar, não permitas que o sonho e a interpretação te amedrontem.’ “Beltessazar respondeu: ‘Ó meu senhor, que o sonho se aplique aos que o odeiam, e a sua interpretação aos seus inimigos.

20 “‘A árvore que viu, que cresceu e ficou forte, cujo topo atingiu os céus e era visível em toda a terra,

21 que tinha uma bela folhagem, frutos em abundância e alimento para todos, debaixo da qual moravam os animais selvagens e em cujos ramos residiam as aves dos céus,

22 é o senhor, ó rei, porque o senhor se tornou grande e ficou forte; a sua grandeza cresceu e atingiu os céus, e o seu domínio os confins da terra.

23 “‘E o rei viu um vigilante, um santo, que descia dos céus e dizia: “Derrubem a árvore e destruam-na, mas deixem o toco com as raízes*1 na terra, com faixas de ferro e de cobre, no meio da relva do campo. Que ele seja molhado pelo orvalho dos céus, e que permaneça entre os animais selvagens, até terem passado sobre ele sete tempos.”

  1. Ou: “deixem o porta-enxerto”.

24 Esta é a interpretação, ó rei; é o decreto do Altíssimo que atingirá o meu senhor, o rei.

25 O senhor será expulso do meio dos homens e a sua morada será com os animais selvagens; receberá vegetação para comer, como os touros, e será molhado pelo orvalho dos céus; e passarão sobre si sete tempos, até que reconheça que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser.

26 “‘No entanto, visto que mandaram deixar o toco da árvore com as raízes,*1 o seu reino ser-lhe-á restituído depois de o senhor reconhecer que são os céus que governam.

  1. Ou: “o porta-enxerto da árvore”.

27 Portanto, ó rei, queira aceitar o meu conselho. Afaste-se dos seus pecados por fazer o que é correto, e da sua maldade por mostrar misericórdia aos pobres. Talvez, assim, a sua prosperidade se prolongue.’”

28 Tudo isto aconteceu com o rei Nabucodonosor.

29 Doze meses mais tarde, o rei estava a caminhar no terraço do palácio real de Babilónia.

30 Ele dizia: “Não é esta Babilónia, a grande, que eu próprio construí para a casa real, com a minha própria força e poder, e para a glória da minha majestade?”

31 Enquanto a palavra ainda estava na boca do rei, uma voz veio dos céus: “Esta mensagem é para ti, ó rei Nabucodonosor: ‘O reino afastou-se de ti,

32 e serás expulso do meio da humanidade. A tua morada será com os animais selvagens; receberás vegetação para comer, como os touros; e passarão sobre ti sete tempos, até que reconheças que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser.’”

33 Naquele instante, cumpriu-se a palavra em Nabucodonosor. Ele foi expulso do meio da humanidade e começou a comer vegetação como os touros. O seu corpo foi molhado pelo orvalho dos céus, até que o seu cabelo ficou comprido como penas de águia, e as suas unhas eram como garras de aves.

34 “No fim daquele período, eu, Nabucodonosor, olhei para o céu, e o meu entendimento retornou a mim. E eu louvei o Altíssimo; dei louvor e glória Àquele que vive para sempre, porque o seu domínio é um domínio eterno, e o seu reino é de geração após geração.

35 Todos os habitantes da terra são como nada diante dele, e ele age segundo a sua própria vontade em relação ao exército dos céus e aos habitantes da terra. Não há ninguém que o possa deter*1 ou dizer-lhe: ‘O que é que fizeste?’

  1. Ou: “lhe possa deter a mão”.

36 “Naquela ocasião, voltou-me o entendimento, e recuperei a glória do meu reino, a minha majestade e o meu esplendor. Os meus altos funcionários e os meus nobres procuravam-me ansiosamente; fui restabelecido no meu reino, e foi-me dada uma grandeza ainda maior.

37 “Agora, eu, Nabucodonosor, louvo, enalteço e glorifico o Rei dos céus, porque todas as suas obras são verdade e os seus caminhos são justiça, e porque ele é capaz de humilhar os que andam com orgulho.”